quinta-feira, 24 de abril de 2025

Tetélestai": A Declaração de Jesus que Ecoa na História

Na crucificação, um dos momentos mais marcantes da narrativa cristã, Jesus pronunciou uma palavra que ressoa através dos séculos: "Tetélestai". Registrada em João 19:30, a expressão grega, traduzida como "Está consumado", carrega um peso que transcende o contexto imediato, reverberando significados profundos no cenário cultural, religioso e histórico do século I.

Após receber o vinagre, Jesus exclamou: "Tetélestai". Inclinando a cabeça, entregou o espírito. A palavra, no tempo perfeito do grego, indica uma ação concluída com efeitos permanentes. Não era apenas o fim de seu sofrimento, mas a proclamação de que sua missão — a salvação da humanidade — estava plenamente realizada.

No contexto do século I, "Tetélestai" era uma expressão carregada de simbolismo. Em documentos comerciais, como os papiros encontrados em Oxirrinco, no Egito, ela aparecia em recibos para confirmar que uma dívida fora paga por completo. Quando um devedor quitava seu compromisso, o credor escrevia "Tetélestai", selando a liberdade financeira. Jesus, ao usar esse termo, declarava que a dívida espiritual da humanidade estava quitada por meio de seu sacrifício.

A palavra também ecoava em relatórios militares romanos. Generais vitoriosos a utilizavam para comunicar a César que uma batalha ou missão estava concluída com sucesso. Ao pronunciar "Tetélestai", Jesus se posicionava como um comandante que, na cruz, assegurava a vitória definitiva sobre o pecado e a morte.

No âmbito religioso, a expressão ressoava no Templo Judaico. Sacerdotes declaravam algo semelhante ao inspecionar um animal sacrificado, confirmando que ele atendia aos rigorosos padrões de Levítico. Jesus, o "Cordeiro de Deus", ao dizer "Tetélestai", afirmava ser o sacrifício perfeito, cumprindo todas as exigências da lei mosaica.

Até mesmo no mundo artístico, "Tetélestai" tinha lugar. Escultores e pintores gregos e romanos a escreviam ao finalizar uma obra, indicando que nada mais precisava ser adicionado. Como criador, Jesus assinava sua obra de redenção, completa e suficiente, sem necessidade de acréscimos humanos.

A escolha de "Tetélestai" por Jesus não foi casual. Era uma declaração pública, com ecos legais, militares, religiosos e culturais, que anunciava ao mundo: a dívida foi paga, a vitória foi conquistada, o sacrifício foi aceito, e a obra da salvação, perfeitamente concluída. Para os cristãos, essa palavra não é apenas um marco histórico, mas um lembrete vivo de uma missão que transformou a humanidade.

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